Marina Ryfer
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Marina Ryfer, nascida no Rio de janeiro, trinta e nove anos, mulher cisgênero, pele branca, cabelos loiros na altura dos ombros, olhos azuis e estatura mediana.
É arquiteta e uma artista visual que explora a luz como presença escultórica. Em seus trabalhos, se apropria da luz como matéria e a utiliza como parte de sua linguagem.
Costuma usar materiais comuns como cordas, lâmpadas, componentes elétricos, madeiras, espelhos e cimento para criar peças que dialogam com o ambiente. Sua prática mescla a fisicalidade da luminosidade com os efeitos sutis que a iluminação pode provocar nos espectadores.
É formada em administração de empresas pela PUC-Rio e em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula.
Fez mestrado em engenharia civil na UFF e em 2014-2015 ministrou aulas de instalações elétricas prediais no curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Santa Úrsula.
Em 2015 abriu o escritório de Arquitetura - Maru Arquitetura - e atualmente divide seu tempo entre a arquitetura, aulas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e o estudo e desenvolvimento em arte contemporânea.
Marina Ryfer
Através, 2023.
Corda de pvc, roldana metálica, mangueira corrugada, mangueira de led, vidros e espelhos quebrados, madeira e acessórios elétricos.
(Site specific, Z42, Rio de Janeiro)
Aprox. 7,70 x 120 x 120 cm [A x L x P]
valor sob consulta
Carne Viva
Sofrimento, dor, compaixão, raiva, fraqueza, força, desespero, pessimismo, otimismo,
desesperança, esperança. Sentidos à flor da pele. A pele sangra. Carne viva.
Desde o dia 8 de outubro, dia seguinte do maior massacre ao meu povo desde o
holocausto, acordo procurando por notícias de luz.
Tem sido muito difícil acompanhar as narrativas da guerra e perceber a onda de
antissemitismo que irradia pelo Brasil e pelo mundo. Não é novidade para os judeus o
convívio com este tipo de racismo, mas, para mim estava distante, camuflado e agora
parece que se naturalizou. Sangro por dentro.
Judeus e palestinos merecem segurança, liberdade e dignidade.
Tento acreditar que pessoas que hasteiam bandeiras e se manifestam a favor do
terrorismo, não fazem ideia do que estão pregando. Recuso-me a permitir que minha
compaixão se limite apenas às vítimas de uma parcela dessa guerra.
Onde está o clamor pela Shani, pela Noya, pela Yahel, e tantas outras meninas e
mulheres que foram brutalmente estupradas, torturadas e assassinadas? O
movimento feminista abandonou a luta pelas mulheres judias? Como ficam em silêncio
frente tamanha crueldade? O “Mexeu com uma mexeu com todas” não faz mais
sentido para mim se o “uma” não inclui mulheres judias.
Judeus e palestinos merecem segurança, liberdade e dignidade.
Acerca da paz no Oriente Médio, recuso-me a acreditar que não exista luz no fim do
túnel - a expressão clichê cai como uma luva nesse momento em que túneis estão
sendo usados para armadilhas guerra.
Há um ditado que diz que a verdade é um espelho quebrado e que todos nós temos
um fragmento. Por outra ótica, acrescento que os fragmentos dos espelhos refletem
tanto o “eu” quanto o “outro”.
Judeus e palestinos merecem segurança, liberdade e dignidade.
Repudio veementemente o terrorismo e o racismo em todas as suas formas, incluindo
o antissemitismo e a islamofobia. Expresso minha solidariedade a TODAS as vítimas
inocentes deste conflito e desejo muita luz, diálogo, respeito e amor.
Hoje, já em dezembro, a notícia do fim da guerra ainda não chegou. Meu coração
segue sangrando, mas, parafraseando Leonard Cohen*: “Há uma rachadura em tudo. É
assim que a luz entra”.
Marina Ryfer.
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*Leonard Cohen (1934 - 2016) Cantor, compositor, poeta e escritor. Trecho da canção
“Anthem”.
Marina Ryfer
Decibéis II, 2023.
Mistura de cimento, barra de led com sensor de som e acessórios elétricos.
Aprox. 58 x 13 x 5 cm [ A x L x P ]
R$ 6.000,00 [Cada peça]
A obra reage conforme a intensidade sonora